Criando Compromissos e Gerando Recursos

A seção a seguir analisa como os organizadores das fundações conquistaram o engajamento de pÙblicos fundamentais e desenvolveram planos para captar recursos financeiros e de outros tipos para suas iniciativas.

  • Exemplo 1: Um estudo de viabilidade

    Resumo

    • Os processos consultivos podem desenvolver o programa, a legitimidade da fundação e a confiança nela. As consultas são uma forma de aprender com outros indivíduos ou instituições, discutir idéias críticas para a iniciativa de construção da fundação, compartilhar experiências e conhecimentos, analisar a viabilidade da iniciativa, divulgar a idéia aos possíveis apoiadores, obter consenso sobre a iniciativa e garantir a credibilidade e a transparência de todo o processo.
    • Os processos consultivos são exclusivos e respondem às necessidades específicas de cada fundação. As consultas podem acontecer de maneiras diferentes (distribuindo-se documentos de conceito, através de viagens de estudo, de estudos de viabilidade e de workshops), dependendo dos objetivos da fundação. O processo de consultas pode ser curto ou extenso. Por exemplo, os fundadores da Foundation for the Philippine Environment (FPE) tiveram reuniões com mais de 600 interessados, fizeram uma viagem de estudo aos Estados Unidos e promoveram um workshop de dois dias sobre administração e financiamento de projetos.
    • As oportunidades de aprendizado e de troca de experiências entre as fundações permitem o acesso a novas idéias e criam pontes entre as instituições. A troca de idéias e experiências entre fundações que financiam projetos sociais ajuda a construir relações proveitosas e estimula a transferência de conhecimentos. No caso da Community Foundation for the Western Region of Zimbabwe (WRF), houve visitas organizadas a catorze instituições dos EUA em 1994 e 1996, além de visitas a uma fundação em Moçambique e a outra na África do Sul. Essas visitas serviram como instrumento para ajudar os membros fundadores da WRF a desenvolverem a estrutura da nova fundação.
    • Envolver os possíveis beneficiários ajuda a desenvolver confiança e senso de propriedade. As consultas aos beneficiários ajudam a desenvolver a confiança e a criar um senso de propriedade entre os que serão diretamente beneficiados pelo trabalho da fundação. As consultas também oferecem aos possíveis beneficiários uma oportunidade de expressar seus interesses e expectativas a respeito da iniciativa. No Zimbábue, os fundadores da WRF buscaram ativamente a colaboração de pessoas da comunidade, e o resultado foi uma fundação que reflete profundamente as necessidades da comunidade.
    Puerto Rico Community Foundation
  • Exemplo 2: Expansão, viagens de estudos e workshops
    Foundation for the Philippine Environment
  • Exemplo 3: Consulta, visitas de intercâmbio, comitê diretor
    Foundation for the Western Region of Zimbabwe

Quem deve ser consultado? Por quê?

 

As fundações destacadas neste capítulo foram criadas por um variado conjunto de indivíduos e instituições e projetadas para atender às necessidades de uma variedade de "clientes". Elas foram desenvolvidas para atender a comunidades locais carentes de recursos e também visavam atender às necessidades de doadores nacionais e internacionais que desejavam maximizar o impacto de suas contribuições. Com o objetivo de atuar como uma ponte eficaz entre diversos pÙblicos, os fundadores dessas instituições e de muitas outras fundações do Hemisfério Sul destacadas neste livro desenvolveram um processo de consultas para esclarecer duas questões importantes:

  • Quem vai apoiar a fundação política, técnica e financeiramente?
  • Quem será beneficiado pela fundação?

Todas as fundações discutidas neste capítulo tentaram atingir tanto os prováveis apoiadores quanto os beneficiários. As consultas aos interessados durante o período de formação ajudou as fundações a identificar e definir os papéis que desempenhariam e como poderiam ser melhor organizadas e dirigidas. Um processo de consultas desse tipo também ajuda as fundações a identificar onde obter seus recursos (financeiros, materiais e humanos). Especificamente, a consulta ajudou a:

  • Determinar a viabilidade da fundação
  • Definir seu papel e escopo
  • Identificar as lideranças
  • Definir objetivos, estratégias e atividades
  • Definir a estrutura a ser adotada e esclarecer as questões relativas à administração
  • Estimular o interesse de agentes pÙblicos e privados
  • Trocar informações com fundações/redes bem estabelecidas e com outros agentes importantes

As fundações geralmente se aconselham com uma variedade de pessoas e grupos nos estágios iniciais, incluindo:

  • Cidadãos afluentes
  • Principais organizações locais (outras fundações, principais organizações sem fins lucrativos, grupos empresariais, etc.)
  • Universidades e acadêmicos importantes
  • Profissionais da área jurídica e de contabilidade
  • Líderes políticos
  • Representantes comunitários influentes da população geográfica e demográfica a ser atendida pela fundação

Como são feitas as consultas?

O engajamento em uma nova instituição é conquistado principalmente através de contatos pessoais. Os fundadores, nesses casos, falam com um nÙmero significativo de pessoas pertencentes às suas próprias redes de contatos, tanto pessoais como profissionais. Em todos os casos, entretanto, eles perceberam a necessidade de ampliar os contatos existentes para obter o apoio necessário para estabelecer a fundação. Alguns dos meios utilizados por eles foram:

  • Estudos de viabilidade para explorar as possibilidades da empreitada. Esses estudos podem indicar áreas de conflitos potenciais que poderiam ameaçar a consolidação da nova iniciativa. Por exemplo, outras ONGs podem acreditar que a nova fundação competirá com elas na captação de recursos. Eles podem também descobrir se o setor privado estaria disposto a se comprometer com a idéia e se o ambiente legal seria favorável ao empreendimento.
  • Viagens de estudo para conhecer outras fundações e a filantropia em outros lugares. Elas podem se concretizar na forma de visitas de intercâmbio a outras fundações do próprio país, da região ou de outros países. Essas visitas permitem que os criadores da fundação se beneficiem da experiência de instituições estabelecidas, troquem informações e aprendam com seus pares.
  • Workshops para criar um consenso sobre os elementos envolvidos na criação de fundações (ou seja, definir a missão, o papel, a estrutura da organização e os recursos) e promover o intercâmbio de idéias entre os envolvidos. Dentre os participantes podem estar os membros fundadores, representantes de outras fundações e organizações sem fins lucrativos (locais e/ou internacionais), agências governamentais, empresas, líderes comunitários e cidadãos afluentes.
  • Os documentos de conceito, também chamados de "documentos de função” ou "declarações de carências", são documentos descritivos sobre a fundação, seus propósitos e funções. Esses documentos ajudam a divulgar a idéia da nova instituição e podem abrir caminho para um consenso mais sólido acerca da fundação de financiamento de projetos sociais. Os documentos de conceito podem ser compartilhados com os possíveis beneficiários dos eventuais financiamentos da fundação e com os possíveis apoiadores. Os fundadores muitas vezes vão pedir feedback sobre o documento de conceito na tentativa de aperfeiçoar a idéia e de achar a melhor forma de divulgá-la para diferentes publicos.